Lélia Gonzalez
Autoria: Antônio e Anna Micaela- Colégio de Aplicação 2D - UFSC
Lélia de Almeida (mais conhecida como Lélia Gonzalez) nasceu em uma família de 18 irmãos em Belo Horizonte no ano de 1935. Vindo de uma família pobre, com sua mãe trabalhando como empregada doméstica e seu pai operário, ainda assim nessa época, Lélia teve a oportunidade de estudar e focar em seus estudos na escola, tendo todos os ensinos direcionados à valorizar os conhecimentos e cultura erudita, Gonzalez afirma em declaração para o livro ‘Patrulhas Ideológicas’ que “Passei por aquele processo que eu chamo de lavagem cerebral dado pelo discurso pedagógico brasileiro, porque na medida em que eu aprofundava meus conhecimentos, eu rejeitava cada vez mais a minha condição de negra”. Após se formar na escola, se graduou em Filosofia, História e Geografia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (naquela época conhecida como Universidade do Estado da Guanabara). A intelectual afirma que neste momento de sua vida já estava com a mente totalmente embranquecida pelo meio acadêmico, mas não demorou muito para que as reflexões tomassem conta, pois Gonzalez percebeu a falsidade da ideia de democracia racial quando seu marido, Luiz Carlos Gonzalez, se suicidou. O motivo do suicídio foram os constantes atritos com sua família (de origem espanhola) devido ao relacionamento com Lélia, uma mulher negra. Em busca de explicações e conforto, buscou conhecer e estudar psicanálise e o candomblé. Esse foi seu estopim para começar a atuar na militância no feminismo e no movimento negro. Foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado contra Discriminação e o Racismo (MNUCDR), em 1978, atualmente Movimento Negro Unificado (MNU), principal organização na luta do povo negro no Brasil e integrou a Assessoria Política do Instituto de Pesquisa das Culturas Negras. Lélia também ajudou a fundar o Grupo Nzinga, um coletivo de mulheres negras. Ajudou a fundar o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), e até mesmo participou na formação de partidos políticos que prosperam até os dias de hoje, como o PT e o PDT. Sua militância em defesa da mulher negra levou-a ao Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), no qual atuou de 1985 a 1989. Ela escreveu alguns livros como: ‘Festas Populares no Brasil’, ‘Lugar de Negro’ (com Carlos Hasenbalg) e ‘Por um Feminismo Afro-Latino-Americano’. Representou o Brasil em diversos debates pelo mundo que discustiam as condições de exploração dos negros e das mulheres na sociedade, suas contribuições, falas, reflexões e questionamentos ajudaram a construir a ideia de amefricanidade e um melhor entendimento do que é a identidade brasileira e identidade latina. Depois de muitos anos de luta, em julho de 1994, Lélia faleceu após ter sofrido um infarto do miocárdio aos 59 anos. Mas seu legado e relevância não acabaram por aí, Gonzalez continua sendo uma das grandes pensadoras do nosso país. A importância de Lélia: Lélia teve uma contribuição gigantesca em estudos raciais e de relações de gênero tanto no Brasil quanto no mundo todo. Muito admirada por outros intelectuais da área e muito atacada por seus “opositores”, Gonzalez sempre seguiu determinada a espalhar todo seu conhecimento para todos que pudesse e ajudar as pessoas negras a questionarem seu lugar na sociedade e sua própria identidade (que principalmente na América Latina foi algo muito apagado ao passar dos anos). É crucial que nós, brasileiros e latinos, reconheçamos quem foi Lélia Gonzalez e como ela contribuiu com seus pensamentos para a nossa sociedade. “Por que vocês precisam buscar uma referência nos Estados Unidos? Eu aprendo mais com Lélia Gonzalez do que vocês comigo”, disse Angela Davis, uma grande ídola estadunidense do movimento negro, em uma visita ao Brasil em 2019.

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